Com vagas de sobra nos mais variados setores e previsão de um aquecimento ainda maior no mercado de trabalho por conta da instalação de novas indústrias, Mato Grosso do Sul é considerado um dos principais destinos neste momento para quem está em busca oportunidades.
“Só não trabalha quem não quer”, diz Raquel Martins, de 50 anos, que nessa terça-feira (20) foi até a Funtrab (Fundação do Trabalho) em busca de uma vaga como técnica em segurança do trabalho. Passou por entrevistas e seguiu para casa animada, à espera de um telefonema que pode transformar a expectativa em realidade. “Nem me importo de a vaga não ser em Campo Grande. Ribas do Rio Pardo, por exemplo, está ‘bombando’. Posso continuar morando aqui e ir para lá trabalhar”, diz entusiasmada.
No 4º trimestre de 2023, o número de empregados no setor privado do Estado atingiu o maior patamar desde o início da série histórica em 2012, totalizando 743 mil trabalhadores, um aumento de 28% em 11 anos. É o que mostram os dados mais recentes da PNADC-T (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral) divulgados pelo IBGE e compilados pela Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação).
Considerando o rendimento médio real habitualmente recebido em todos os trabalhos pelos ocupados, tem-se uma renda média de R$ 3.295 registrada nos últimos três meses do ano passado em Mato Grosso do Sul.
De olho nas oportunidades e para ficar mais perto da família, o técnico em segurança do trabalho, Rodrigo Ribeiro, de 36 anos, veio do Paraná há 15 dias. Os salários oferecidos a ele giram em torno de R$ 3 mil por uma carga horária de 44 horas por semana, fora os benefícios. “A cidade onde eu morava, Paranavaí, tem em torno de 100 mil habitantes. Aqui percebo que há mais oportunidades. Estou muito animado e esperando um retorno das entrevistas de trabalho”, conta.
Outro setor de portas abertas para novos contratados é o de transportes. Uma das empresas que opera com linhas de ônibus rodoviários busca 30 novos motoristas para trabalharem em Mato Grosso do Sul e outros Estados. É preciso ter experiência mínima de três anos e carteira de habilitação, além de disponibilidade para trabalhar no período noturno.
“É aí que fica mais difícil encontrar interessados. Muitos não querem escolher algo que precise trabalhar durante a noite”, conta Luiz Carlos da Silva, supervisor de treinamento. O salário, segundo ele, é de R$ 2.585, além de benefícios como cesta básica, ticket alimentação, vale refeição e convênio médico. “Temos quatro manobristas ansiosos para serem promovidos a motoristas, mas são necessários ao menos seis meses de preparação para que estejam prontos, enquanto isso temos uma demanda urgente por profissionais experientes”, explica.
A procura para preencher vagas é tão grande que muitas empresas nem exigem experiência e dedicam parte do tempo até para explicar como funcionam alguns tipos de trabalho que, pelo nome, parecem mais complicados do que realmente são. É o caso do instalador em serviços de telecomunicações.
De acordo com a analista de recursos humanos, Simone da Silva Souza, que representa uma multinacional com atuação em mais de 20 países, para trabalhar na área os candidatos precisam ter ensino médio completo, carteira de habilitação categoria B e disponibilidade de horário.
“A empresa oferece todo o treinamento necessário, adicional por periculosidade, assistência médica e odontológica, produtividade e a partir da qualificação o funcionário já começa a ter remuneração com carteira assinada. Temos 10 vagas no momento”, conta.
Rogério dos Santos é mecânico e eletricista industrial. Aos 55 anos está em busca de uma oportunidade entre tantas opções que o mercado oferece atualmente. “Tenho 34 anos de carteira assinada. Estou otimista. Pela minha experiência posso até assumir uma equipe caso a empresa precise”, detalha.
Ele conta que em outros momentos esteve na Funtrab procurando emprego e nunca encontrou um cenário assim, tão positivo. “Hoje tive contato com quatro empresas. O salário gira em torno de R$ 3 mil. Nos próximos dias espero já estar empregado”, diz.
Formado em administração e com experiência de seis anos no serviço militar, Derick Júnior Batista, de 25 anos, veio de Rondônia com a esposa e o filho no fim do ano passado. “O cenário em Mato Grosso do Sul é diferente de onde venho, bem melhor. Tenho uma carta de recomendação e algumas empresas oferecem treinamento, por isso estou otimista”, conta.
Derick está passando por entrevistas de emprego, entre elas em uma empresa da área de eficiência energética que atua em grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro. Em Mato Grosso do Sul a empresa está desde junho de 2023.
“Só abrimos uma filial quando já existem projetos a serem desenvolvidos. Começamos por Deodápolis, agora estamos contratando pessoas para Campo Grande e Batayporã. Cada projeto nosso envolve em torno de 35 pessoas. Aqui na Capital faremos usinas fotovoltaicas”, explica Renato Campos, responsável por fazer as entrevistas iniciais do recrutamento.
Nessa terça-feira (20) mais um Feirão de Empregabilidade foi realizado na Funtrab com oportunidades imediatas nas áreas de Serviços, Transporte e Comércio. Equipes de recrutamento de 12 empresas ofereceram 232 vagas, além das mais de 1,3 mil oportunidades disponíveis na Fundação do Trabalho em variadas áreas. A Fundação do Trabalho fica na Rua 13 de maio, 2.773 (entre ruas Dom Aquino e Cândido Mariano). Os atendimentos em Campo Grande vão de segunda a sexta das 7h30 às 17h30. Em cidades do interior basta procurar as agências públicas de emprego.
Danielly Escher, Comunicação Governo de MS