PERSPECTIVA DE UMA FORASTEIRA

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PERSPECTIVA DE UMA FORASTEIRA

Um ano após minha chegada em Iguatemi/MS, por obra do acaso ou do destino, ingressei na política. Não como candidata nunca teve tal pretensão. Mas, de uma forma inesperada, como jornalista.

Meu contato mais próximo ou, pode-se chamar, de – contém ironia – experiência profissional no assunto, foram as eleições anteriores que trabalhei como mesária. Desta vez, havia sido contratada. Ok. Novo cenário. Novos desafios. Novas pessoas. Analiso e questiono o tempo todo, cada uma daquelas pessoas e suas respectivas pretensões, preciso entender quem é quem, para poder realizar bem o meu trabalho, afinal, em muitas ocasiões, as palavras eram minhas, a voz não.

A campanha se intensifica, algumas máscaras despencam, outras, precisam ser arrancadas à força, nada relevante, apenas política. As reuniões se multiplicam, aglomerações, muito álcool em gel e máscaras distribuídas – não necessariamente usadas – nada demais, apenas política. Inúmeras acusações, réplicas e tréplicas silenciosas, uma onda de rivalidade, beirando a agressividade, mas calma, nada tão enorme, apenas política.

Promessas feitas mais direcionadas ao vento do que as pessoas, lindas palavras (e essas, eu não era a responsável), uma energia contagiante. Tudo tão lindo e iluminado. Ao lado da fossa aberta, dos carros quebrados, das perseguições na madrugada. E as pessoas? Algumas com medo. Mas a maioria, com esperança. Lembro de um menino, que só queria uma praia na cidade. Poxa, é pedir demais? É só a antiga esperança de melhorar o seu habitat, sua cidade. Qual lado faria melhor? Ou, menos pior? Nenhum questionamento relevante, apenas política.

Na reta final, muito se questionava sobre o resultado, parecia tudo muito equilibrado e que seria decidido no último minuto. Jogos e mais jogos de poder, o ego comandando tudo e todos. Enfim a eleição chegou e eis, que a democracia se mostrou, a Máquina perdeu e todo mundo que parou pra ver, ficou estupefato com aquela queda brusca e sem precedentes na cidade.

Todos assistiram a ascensão improvável, daqueles que já tinham estado no topo e, decidiram retornar juntos. Um misto de “eu já sabia” com surpresa tomou conta da cidade e neste momento, eu entendi a política, como ela é. Independente de estratégia ou lado, o verdadeiro poder na política, ainda é (e este ponto, merece um texto em um futuro breve), daquele que o detém por direito, do povo.

Mariana Ferré

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