Gleice Jane contra câmeras com áudio em escolas: “Educação não pode ser vigilância” Em fala na ALMS, ela defende a humanização do ensino e critica a falta de diálogo no setor educacional

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Foto: Assessoria Dep. Gleice Jane

Em sessão realizada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul no dia 04 de dezembro, a deputada Gleice Jane abordou de forma contundente o projeto de lei que propõe a instalação de câmeras com áudio e vídeo nas salas de aula. Para a parlamentar, a medida não responde às reais necessidades da educação e pode agravar ainda mais a relação entre professoras e professores, estudantes e a gestão escolar.

Gleice Jane destacou que a demanda por câmeras nas escolas surgiu como uma tentativa de proteção aos docentes, em um contexto de crescente insegurança nas instituições de ensino. No entanto, a deputada apontou que essa urgência é consequência de mudanças na sociedade, que, segundo ela, passaram a cobrar de forma equivocada a atuação das escolas. “Hoje, temos professoras e professores que trabalham sob o viés do medo, com uma grande parte da categoria sofrendo de transtornos mentais como depressão e ansiedade”, afirmou.

A deputada também criticou a visão de que a escola deve se restringir ao ensino de conteúdos curriculares, sem considerar sua função mais ampla na formação dos estudantes. “A escola é o espaço onde se constroem relações humanas e onde identificamos violências que as crianças sofrem, inclusive aquelas dentro de suas próprias famílias. Não podemos tratar a escola como um lugar apenas de transmissão de conteúdo acadêmico. É um espaço de convivência, de troca, de acolhimento”, frisou.

Gleice Jane mencionou o impacto negativo de movimentos como o “Escola Sem Partido”, que, ao tentar limitar discussões de temas polêmicos, tem gerado um ambiente de insegurança para os educadores. Para ela, a situação atual resultou em professores temerosos de abordar temas importantes, até mesmo conteúdos obrigatórios, como os de História, Geografia e Ciências. “Hoje, muitas educadoras e educadores têm medo de serem filmados e gravados enquanto ministram suas aulas”, relatou.

A deputada também se posicionou contra a proposta de câmeras com áudio, argumentando que isso implicaria em uma vigilância constante sobre os professores, prejudicando ainda mais o ambiente de ensino. Ela sugeriu que o modelo de câmeras sem áudio, defendido por algumas escolas, também não resolve o problema, pois a questão principal está na falta de estrutura e apoio para os educadores.

Para Gleice Jane, a criação de um ambiente de “superpoder” dos estudantes sobre os professores, aliado à vigilância constante, prejudica a qualidade do ensino e a relação entre os envolvidos no processo educacional. Ela enfatizou a importância de promover o diálogo e a humanização das relações na educação. “Não se faz educação sem humanizar as relações. A educação deve ser um processo de escuta, de confiança e de acolhimento. Essa proposta de vigilância é equivocada e pode agravar ainda mais os problemas do sistema educacional”, concluiu.

A deputada finalizou sua fala destacando que a educação no estado de Mato Grosso do Sul já enfrenta desafios significativos, refletidos nos baixos índices educacionais. Para ela, o verdadeiro caminho para melhorar a educação passa pela melhoria das condições de trabalho dos profissionais de educação, o fortalecimento do diálogo entre todos os envolvidos no processo educacional e uma gestão mais eficaz das políticas públicas na área da educação.

 

 

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