Em 2021/22, a exportação deverá cair 18% na comparação com o recorde do ciclo anterior, segundo números da consultoria, após a safra do Brasil ter sido atingida por seca e geadas, com impacto também na colheita que deve começar nos próximos meses
A exportação de café do Brasil deverá crescer 3% na temporada 2022/23 (julho/junho), para 39,25 milhões de sacas de 60 kg, após uma queda acentuada na temporada atual (2021/22), à medida que a safra de arábica brasileira estará em seu ano de alta produtividade, de acordo com avaliação da consultoria Safras & Mercado nesta quarta-feira.
Em 2021/22, a exportação deverá cair 18% na comparação com o recorde do ciclo anterior, segundo números da consultoria, após a safra do Brasil ter sido atingida por seca e geadas, com impacto também na colheita que deve começar nos próximos meses.
A Safras havia divulgado sua estimativa de produção do Brasil para 2022/23 na última semana, estimando uma alta de 8% ante a temporada atual, para 61,1 milhões de sacas, volume que representa, contudo, um recuo de 12% ante o recorde de 2020, o último ano de alta no ciclo do arábica.
“Vemos que o crescimento da oferta do Brasil é limitado, não permite grande sobra na oferta mundial, tanto que a exportação cresce 3%… o que limita a correção nos preços”, disse o analista Gil Barabach, durante evento online nesta quarta-feira.
Ele lembrou que o mercado global de café vem passando por correção de preços após máximas em mais de 10 anos em Nova York em fevereiro, movimento este que foi acentuado pela guerra na Ucrânia, com fundos migrando investimentos para o segmento de grãos.
No início de fevereiro, o café arábica negociado em Nova York teve o maior patamar desde 2011, cotado a cerca de 2,60 dólares por libra-peso, enquanto vem sendo negociado nesta semana a cerca de 2,27 dólares.
Barabach comentou que o mercado já precificou a safra brasileira abaixo do potencial em 2022 e adota uma tendência de maior fraqueza.
“Sem novidades fundamentais, o mercado assume novo traçado, atingiu um pico e vive um momento de correção”, declarou ele, ponderando que o crescimento relativamente pequeno da oferta do Brasil, maior player global, atua como limitante de uma queda mais acentuada.
“Em 2022 não tem grande folga na oferta mundial, principalmente do Brasil, a principal origem”, reforçou.
Com o café arábica com preços relativamente elevados ainda, o movimento de substituição do grão por variedades robusta/conilon deve continuar em 2022, disse o analista.
“Não foi só no Brasil que a indústria colocou mais conilon no ‘blend’, para tentar equacionar custos, a indústria começou a aumentar a fatia de conilon…”, disse.
Ele disse que isso explica uma procura bastante ativa por grãos conilon.
“Como o Brasil deve ter crescimento pequeno (na oferta), esse quadro deve se refletir, talvez mais suave, em 2022. Abre espaço para a indústria pesar um pouco mais na mão do ‘blend’ para reduzir custo, aqui no Brasil e no mercado internacional.”
A Safras estima um ligeiro aumento no consumo de café do Brasil em 2022/23, para 21,6 milhões de sacas, ante 21,4 milhões em 2021/22 e 21,2 milhões em 2020/21.
Com aumentos em 2022/23 no consumo doméstico (+1%) e na exportação (+3) menores do que o aumento esperado da safra (+8), os estoques finais do país na próxima safra devem aumentar 9%, para 2,93 milhões de sacas, ante o esperado para o final do ciclo atual.
Fonte: Reuters