Setor ampliou exportações para países asiáticos, com destaque para embarques destinados à China
A indústria brasileira de alimentos e bebidas registrou crescimento de 12,8% em faturamento¹ no ano de 2020, em relação a 2019, atingindo R$ 789,2 bilhões, somadas exportações e vendas para o mercado interno. Esse resultado representa 10,5% do PIB nacional, segundo pesquisa conjuntural da ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos). Em 2019, o setor registrou R$ 699,9 bilhões.
Descontada a inflação do período, a indústria de alimentos obteve aumento de 3,3% nas vendas reais ano passado. Na produção física (volume de produção), o setor cresceu 1,8% em relação a 2019. Esse resultado se deveu ao aumento das vendas para o varejo, de 16,2% em 2020, e das vendas para o mercado externo, de 11,4%.
Em relação à geração de empregos, mesmo com o impacto da Covid-19 sobre o setor de alimentos, que gerou um custo adicional de produção de 3,8% em 2020, a indústria de alimentos e bebidas criou 20 mil novas vagas diretas, alta de 1,2% em relação a 2019. O setor é o que mais gera empregos na indústria de transformação do Brasil, com 1,68 milhão de empregos diretos.
“A indústria de alimentos enfrentou grandes desafios em 2020, principalmente por ser uma atividade essencial e ter a responsabilidade e o compromisso de continuar trabalhando para garantir o abastecimento a toda a população brasileira. Atuando com agilidade e adotando com rigor todos os protocolos de segurança, o setor conseguiu aumentar sua produção e não deixou faltar comida na mesa dos brasileiros” analisa João Dornellas, presidente executivo da ABIA.
DESEMPENHO SETORIAL
- Vendas Reais
As categorias que mais se destacaram em vendas reais foram açúcares, com aumento de 58,6%; óleos vegetais, 21,2%; e carnes, 13%.
- Menor desempenho
Em vendas reais, as categorias com as maiores quedas foram bebidas, 8,3%; e derivados de trigo, com 1,9%.
MERCADO INTERNO E INVESTIMENTOS
As vendas do mercado interno – varejo e food service – apresentaram ligeira queda de 0,85% nas vendas reais. O food service (alimentação preparada fora do lar), impactado diretamente pela pandemia, recuou 24,3% em 2020, enquanto o mercado varejista cresceu 16,2%.
Mesmo com os desafios que a pandemia trouxe para todos os setores, a indústria de alimentos manteve o volume de investimento diante de um cenário de crise. Os investimentos das indústrias de alimentos, incluindo fusões e aquisições, expansão de plantas fabris, investimento em P&D, aquisição de máquinas e equipamentos, alcançaram R$ 21,2 bilhões em 2020, o que correspondeu a 2,7% do faturamento total do setor, de R$ 789,2 bilhões. Houve queda de 4,8% nos investimentos em relação ao ano de 2019.
EXPORTAÇÕES
A indústria de alimentos e bebidas expandiu em 11,4% as exportações em 2020 em comparação com o ano anterior, totalizando US$ 38,2 bilhões contra US$ 34,2 bilhões em 2019.
Esse resultado representa uma participação de 25% nas vendas totais do setor em 2020. Em 2019, essa representatividade ficou em 19,2%.
Fatores que impactaram nos resultados das exportações:
- Acentuada desvalorização do câmbio;
- Forte demanda por importações de alimentos na Ásia, com destaque para a China, que continua se recuperando da Peste Suína Africana e dependendo da importação de proteína animal de outros países, principalmente do Brasil;
- As exportações de carnes bovina, suína e de aves para a China totalizaram 6,6 bilhões de dólares, alta de 44,5% em relação ao ano de 2019;
- Aumento nas vendas de açúcar, também para a China, totalizando US$ 1,3 bilhão, registrando alta de 27,3% sobre 2019.
O Brasil é o segundo maior exportador de alimentos industrializados do mundo. O setor exporta para mais de 190 países. Os principais mercados em 2020 foram Ásia, Países Árabes e União Europeia, com 45,7%, 16,2% e 13,8% das exportações, respectivamente.
Exportações 2020 – principais destinos
China – US$8,2 bilhões
Hong Kong – US$1,9 bilhão
Holanda – US$1,7 bilhão
PERSPECTIVAS PARA 2021
Considerando uma recuperação econômica gradual do país, associada à capacidade de o Brasil vacinar parte significativa da população, de modo a controlar a contaminação de Covid-19, a estimativa da indústria de alimentos é de crescimento acima de 3% das vendas reais em 2021. Mas esse crescimento só será possível, mesmo com o recuo da pandemia, se o Brasil fizer as reformas estruturantes necessárias.
“Em relação à Reforma Tributária, é imperativo que o Brasil tenha um sistema tributário mais simples e que não onere o consumidor naquilo que é básico para qualquer cidadão: a sua alimentação. É primordial que as propostas em análise no Congresso Nacional contemplem a necessidade social, econômica e estratégica de dar um tratamento diferenciado aos alimentos e manter a isenção de tributos para os produtos da cesta básica”, ressalta Dornellas.
O Brasil possui uma das maiores cargas tributárias para alimentos do mundo. Levantamento da FIPE indica média de 23% da carga tributária sobre alimentos e de 9,8% para a cesta básica, enquanto nos países da OCDE a carga é de 7% para todos os alimentos.
Fonte: DATAGRO