Desaceleração nos EUA reforça apostas de cortes de juros pelo Fed

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Foto: Correio do Brasil

GILBERTO MENEZES CÔRTES – Jornal do Brasil

A queda de 3,8 pontos em setembro no índice ISM do setor de serviços, bem superior à redução de 1,4 ponto esperada pelo mercado, que se soma à nítida perda de tração da atividade industrial e os investimentos, mostrou que o setor de serviços (que vinha resistindo, assim como o consumo) entrou também em desaceleração, indicando que o espaço para novos cortes de juros continua presente. Apesar do desemprego ter atingido o menor nível em setembro, a queda na criação de novos empregos, segundo divulgou nesta sexta-feira o Departamento de Trabalho, reforçam o cenário que recomenda o afrouxamento monetário pelo Fed.

O Departamento Econômico do Bradesco já está prevendo que no cenário de desaceleração da economia americana ao longo dos próximos trimestres, com o crescimento do PIB, caindo dos 2,3% em 2019 [3,3% em 2018] para 1,6% em 2020, será precedido por cortes da taxa básica nas próximas reuniões do Fed. O Depec acredita “em mais três cortes de 0,25% até o ano que vem, levando a taxa para o intervalo de 1,25% – 1,00%”.

É nesse cenário, que os mercados precificam mais afrouxamento monetário no mundo. Para o Bradesco, a surpresa negativa com o setor de serviços norte-americano sugere que o diferencial de crescimento pró EUA (que vinha valorizando o dólar) vem se reduzindo, o que pode viabilizar novos cortes de juros por parte do Fed.

O movimento de enfraquecimento do dólar começou na quinta-feira, o que é favorável ao real e outros emergentes, acrescenta o Bradesco. De fato, o dólar teve ontem a maior queda frente ao real em 30 dias. Hoje, o dólar voltou a cair diante do real, ficando no patamar de R$ 4,05. Nos contratos futuros, o vencimento em 1º de novembro registrou queda de quase 0,8%.

Já explicamos aqui que a alta do dólar frente ao real foi neutralizada pela queda das cotações (em dólar) das principais commodities nos últimos 12 meses. A queda recente do dólar prenuncia um horizonte confiável para o Copom baixar os juros até 4,75% este ano. Com a Taxa do Fed entre 1,25% e 1%, em 2020, sobra espaço para o Copom manobrar os juros no Brasil.

O inferno astral do BTG-Pactual

Apesar de informar de o BTG-Pactual informar ontem, a respeito das operações de busca e apreensão da Polícia Federal no banco visando encontrar indícios que confirmem a denúncia do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, de que o banco de André Esteves teve acesso privilegiado nas mudanças da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) nos anos de 2010 a 2012, se referiam a um fundo de Investimento segregado do BTG e que foi descontinuado em 2013, as repercussões provocaram forte estrago na credibilidade da instituição.

Além da queda livre das ações, a PPLA Participations, a unidade de investimentos do grupo BTG Pactual Holding, informou nesta sexta-feira, 4 de outubro, que o controlador desistiu de oferta pública de aquisição (OPA) para deslistar a companhia da bolsa de valores de São Paulo (B3), argumentando que o novo laudo de avaliação não reflete adequadamente o valor da empresa.

No começo da semana, antes da operação da PF, realizada ontem, a PPLA divulgou laudo de avaliação da Urca Capital Partners precificando suas units ( 1 ação ON + 2 PNs) a R$ 4,31 por papel, valor bem superior à proposta inicial da PPLA no âmbito da OPA, de R$ 1,19 real por unit. O novo laudo ocorreu a pedido de acionistas.

Por volta das 11:20, segundo a Reuters, as units caíam 37,3%, a R$ 2,50 na bolsa paulista. No pior momento, desabaram 39,6%. Desde o anúncio da OPA, em abril, os papéis haviam se valorizado 48,3% até a véspera.

Como mostramos ontem, a Selic passou por uma montanha russa nos anos de 201O a 2012. Os juros tiveram nestes três anos as maiores oscilações (para cima e para baixo) da história da Selic. Quem acertou na roleta ganhou alguns bilhões. Em janeiro de 2010 o juro básico estava em 8,75% ao ano, subiu para 9,50% em abril, para 10,25% em junho, para 10,75% em julho, ficando assim até dezembro. Nesse ano, o BC era comandado por Henrique Meirelles.

Em janeiro de 2011, já no governo Dilma (quando Palocci chefiava a Casa Civil, Guido Mantega, a Fazenda, e Alexandre Tombini, o Banco Central e o Copom, a taxa foi para 11,25%, aumentou para 11,75% em março e foi a 12% em abril, quando inaugurou uma fase de alterações na base de 0,25 ponto percentual por reunião, até alcançar 12,50% em julho. De janeiro de 2010 a julho de 2011 um alta de 8,75% para 12,50% ao ano. Ficou estável até 31 de agosto de 2012 começou um processo de queda das taxas, para 12%, seguida por redução para 11,50% em outubro e 11% em novembro. Em janeiro de 2012 a taxa caiu para 10,50% e continuou longe round de declínio até 7,25% em outubro de 2012.

 

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