Um ano intenso e tenso do início ao fim. No começo, a esperança velada de que seria um ano melhor que seu antecessor, mas, se mostrou mais aprimorado e destrutivo.
Assistimos grandes empresas falindo e saindo do mercado brasileiro. Desinformações deixando a economia ainda mais instável.
Vimos o Brasil virar chacota em âmbito Mundial e com isso, ressurgir uma esperança vermelha, mostrando que precisamos voltar duas casas para conseguir ir de novo para a frente.
Vimos um movimento irracional antivacina ganhar forças e pessoas morrerem por acreditarem, no quê, especificamente, não saberia identificar.
Vimos pessoas boas partirem e a rainha da sofrência indo alegrar outro lugar, que só talvez, seja mais merecedor dela do que nós.
Vimos o vírus sobrevivendo e se aprimorando enquanto matava um tio sorridente, uma mãe amorosa, um pai protetor, um sobrinho que tinha tanto para conquistar, aquele amigo querido e aquela vizinha que fazia o bolo perfeito.
Choramos a morte de + de 617 mil iguais (só no Brasil) e aquele sentimento de revolta foi ganhando terreno, por ser óbvio que muitos ainda estariam aqui, se não fosse uma sucessão de erros e o total despreparo do governo diante da pandemia.
Vimos combustíveis atingirem preços inimagináveis, em questão de dias. A conta de energia subir absurdamente, obrigando muitas famílias a desligarem as luzes, mesmo quando mais precisavam dela.
Vimos pessoas improvisarem e se machucarem para cozinhar, pois o botijão de gás já não é mais tão acessível. Produtos que antes estavam na nossa mesa, virarem artigo de luxo. A fome aumentando e o desmatamento também.
A verdade é que não temos muito o que comemorar neste final de ano, nem me parece justo sorrir e celebrar. Qualquer vitória não me parece grande o suficiente, perto de tanta derrota.
Terminamos o ano nocauteados. Um cansaço mental e físico que atingiu cada um de nós, como há tempos não se via.
Em um último fio de esperança, precisamos lembrar de quem somos. Somos brasileiros. Somos guerreiros e temos a criatividade e a facilidade para lidar com crises e situações adversas.
Que entendamos de uma vez a força que o povo tem. E, ao invés de apontar os culpados que nos posicionemos como agentes da mudança.
Somos um povo sofrido que aprendeu a ter a paciência de esperar por dias melhores, mas façamos diferente neste ano que está chegando, que 2022 tenhamos o poder e a força para agir.
Que os erros sirvam de aprendizado e o caos seja o início de uma nova era. Uma era de crescimento. Ninguém aguenta mais tanto retrocesso.
Mariana Ferré – Advogada, Jornalista e mãe da Clarissa que logo chegará.